Saturday, November 20, 2010

Minha resposta: "O Québec é uma bosta?" Relatos


Bom, vi no blog: Diário Canadá Brasil, que viu em outro blog o seguinte post: "O Québec é uma bosta?". E eu vou falar por mim e minha esposa vai me ajudar também com a visão dela.

Bom, primeiro vamos nos apresentar. Eu, sou um analista de sistemas e trabalho com tecnologia Microsoft, mais especificamente .Net, tenho 32 anos e estou no Québec desde junho de 2008.

Minha esposa, tem 31 anos, está estudando frânces escrito agora, e já terminou a francisação, mora aqui desde de setembro de 2009 e está se preparando para entrar no curso de Assistente Social; aqui chamado em frânces de "Travail Social".

Bom, vou tentar aqui responder com o meu ponto de vista e o da minha esposa cada parágrafo, mas isso são experiências minha e dela, não necessáriamente quer dizer que será igual para todos, mesmo com o que a pessoa escreveu, cada ser humano tem uma experiência única.

"Pois é, gente. Pra quem gosta de porcaria, isso aqui é um sonho. Muita gente diz que isso aqui é um paraíso de qualidade de vida, de bem-estar social, etc. Vou mostrar só um pouquinho do que eu penso ser a realidade disso tudo aqui, o que muita gente nem pensa, iludida com qualquer merreca que pode vir de um lugar mágico, pra compensar a mediocridade em que estão mergulhados no país de origem.

Premier Monde: Bom, tenho que descordar que aqui não é porcaria. Qualidade de vida e bem estar social é algo relativo para cada pessoa e o mesmo vale para o que é ser mediocridade que você vive hoje no Brasil? Será que empresários de sucesso no Brasil são mediocres? Quem faz a diferença é a pessoa, não importa onde ela viva.

Bom, saúde aqui é um caos. Horas de espera pra ser atendido pra fazer qualquer coisa, desde gripe até cirurgia ortopédica. O Brasil, dizem, tem uma qualidade muito pior na saúde pública. Talvez até seja, mas eu não conheça ninguém que precisava de saúde pública sendo aprovado pelo "processo seletivo do Québec". Isso é a maior besteira.


Premier Monde: Bom, a saúde pública daqui comparada unica e exclusivamente com o sistema privado que tinhamos no Brasil acho que deixa a desejar sim. Como ele disse, quem está fazendo o processo, na maioria dos casos não usava saúde pública do Brasil e aqui vai sentir falta da praticidade do sistema de saúde privada do Brasil. Isso, espero que consigam uma solução logo, que não acredito ser no curto e médio prazo.

Eu sempre tive atendimento muito superior ao que tive aqui pra fazer um exame de sangue. Uma ecografia do fígado? Faz mais de dois meses que eu espero que alguém do hospital me ligue, pra marcar um encontro pra aí marcar uma consulta. Pode escrever: mais 3 meses de espera.


Premier Monde: Minha esposa faz tratamento de tireóide e eu todo ano faço exame de sangue e isso aqui, graças a Deus estamos tendo um bom acompanhamento. O local para fazermos o exame de sangue é um CLSC (tipo um posto de saúde no Brasil) e é trânquilo, não precisa marcar nada, só ir lá esperamos no máximo 30 minutos e pronto. Minha esposa tem um endocrinologista e um médico de família muito bom. O problema mesmo aqui é na urgência e quando você precisa de um exame tipo, uma ultrasonografia que "não é grave" pelo médico, você espera sim, pode durar meses. Pois aqui tem uma fila de prioridade, depende do caso de cada paciente e os mais graves são atendidos antes.

Transporte público aqui também é um mito. Todo mundo diz que é uma beleza, que os ônibus são ótimos, passam no horário, etc. Mentira.

A rede de transporte aqui é tão falha quanto pode ser em qualquer lugar do planeta, inclusive no terceiro mundo. Tem gente que diz que no Brasil, em Recife, já esperou mais de uma hora por ônibus no ponto. Particularmente isso nunca me aconteceu. Já esperei muito, claro, Recife tá longe de ter um modelo de transporte urbano. Mas o de Montréal também não é um modelo nem pra o pessoal daqui, que usa como modelo a rede francesa. Além dos horários serem infinitamente mal programados, eu já esperei pelo menos 3 vezes o ônibus por mais de 40 minutos. Aí você diz: aqui eu também espero. Mas aí, não está a uma temperatura de 5 graus abaixo de zero, sacou? O tranporte aqui tem por obrigação ser preciso justamente por isso. Esperar no ponto em Recife é ruim, mas aqui o frio mata!!! Eles TERIAM que ser pontuais.

O metrô daqui tem mais de 50 anos. Também não é grande coisa, apesar de bem melhor que a rede de ônibus.


Premier Monde: Bom, acreditamos que o sistema de transporte aqui é muito melhor que o do Brasil, por quê? Primeiro que não tem um monte de empresas que exploram o serviço isso, eu acredito que é algo de cada cidade, transporte PÚBLICO é público e não privado. Aqui temos um cartão mensal que pagamos $ 70 dólares e usamos metrô e ônibus a vontade na cidade de Montréal por 30 dias, não importa a quantidade de vezes que precisamos utilisá-los. Os motoristas de ônibus aqui são muito educados, nem se compara. O simples fato de você está parado no ponto de ônibus ele pára para você, eu nunca fiz sinal para ônibus parar aqui. ônibus para mesmo e não sai assim que você entra. Mesmo no trânsito não são loucos como os motoristas do Rio de Janeiro, e os motoristas respeitam os ônibus também, porque é prioridade do ônibus quando o mesmo liga a seta, indicando que vai sair do ponto. Claro que não existe nada perfeito, os atrasos acontecem principalmente na hora do rush; quando chove e quando há tempestades de neve. As vezes, o metro também pára.

Emprego: taí um assunto controverso. Aqui tem demanda pra tudo dizem. Até o jornal aqui diz que falta gente pra tudo. É verdade. Mas nem por isso a gente pode trabalhar. Existe aqui um corporativismo que eu nunca vi igual no Brasil. As tais ordens profissionais, essas são uma barreira pra qualquer coisa que diga respeito ao trabalho de imigrantes. Pra profissões que não têm ordem, essas têm muito emprego, dizem. Atender telefone então... Você pode trabalhar em dezenas de empresas no Québec se você sempre sonhou em atender telefone na vida!!!! Tô fora!!

Tô até fazend0 um bico de peão numa fábrica da Kraft Foods. Trabalho ruim, mas... Pelo menos tenho o estímulo de pensar sempre em dar o fora daqui. Se fosse atender telefone talvez ficasse deslumbrado e quisesse morrer aqui. Aqui saiu uma pesquisa indicando que tá faltando médico pra cacete. Tem 300 mil quebequenses precisando de médico. E, claro isso não muda nada. Imigrnate aqui não pode trabalhar. Por que? Só vejo uma explicação: O povo aqui é muuuito burro. Se chegar um imigrante qualificado, como eles selecionam no processo, vai acabar a boquinha dos "profissionais" daqui. Sacou? Uma dia desses mesemo fui num médico. Tava com a garganta doendo, tosse e espirando. Sem febre ou dor. sabe o diagnóstico? Uma virose. E o tratamento? Tylenol. Sempre que sentir qualquer coisa que não esteja doendo demais, tome tylenol. Gripe, dor de dente, dor de garganta, diarréia, etc.


Premier Monde: Emprego, algo curioso. Como o Rodrigo disse as Ordens Profissionais as vezes são o maior obstáculo para conseguir trabalhar na sua área de origem no Brasil, mas não é o único. O que acontece aqui é que se você não falar ao menos MUITO BEM um idioma (frânces ou inglês) você não vai ter os melhores empregos. Não adianta chegar aqui com Mestrado; Doutorado; MBA da FGV ou ser bacharel da PUC se você não domina o idioma, aqui no Québec o frânces ou inglês, a maioria aqui ainda é o frânces, mas há empresas que só falam inglês internamente você não vai ter a tão sonhada vaga e o salário dos sonhos é ilusão pensar assim. Enquanto o seu idioma estiver no estilo "dá para levar" você vai ganhar um salário "dá para viver". Agora, as ordens, a única que eu posso falar oficialmente que tem preconceito é a ordem dos médicos, logo a que mais precisamos aqui. Esta sim tem preconceito e foi feito um estudo aqui de três anos sobre isso, constatando tal procedimento para dificultar e até mesmo impedir imigrantes formandos no exterior de excercer sua profissão aqui. Infelizmente o protecionismo, muitas vezes exagerado, pode exisistir sim aqui. Informática, dependendo da área é trânquilo de arrumar trabalho, mas não esqueça do idioma.

Telefonia e internet aqui também dão dor de cabeça. Tal qual no Brasil, ó. O serviço é ruim, tem cobrança indevida pra cacete (eu mesmo paguei 50 dólares que não devia só pra não ter dor de cabeça. Depois me inscrevi numa associação de consumidores com mais de 2000 membros - isso mesmo 2000!! - que estão processando a operadora). Quando você liga pra o atendimento, que surpresa, é igualzinho ao Brasil: ninguém resolve bosta nenhuma!!!!!

Premier Monde: Com relação a telefonia; tv a cabo e celular não tive problemas até agora, mas claro tem que ficar de olho. Esses tipos de serviços você tem que vigiar e não existe lugar no mundo que seja perfeito. Somos seres humanos, empresas de telecom tem muita reclamação porque tem muito cliente. Aqui as pessoas não paparicam clientes no Brasil, só isso. No Brasil as pessoas ganham um salário mínimo e tratam os outros como reis, aqui não tem essa bajulação.


Aqui é muito bom pra trabalha com informática, dizem, e pra quem não tem qualificação. Pra engenheiros, médicos, enfermeiros, dentistas, etc (todas as profissões que eles dizem que precisam nas palestras) isso aqui é pior que no Brasil. Por que? Simplesmente porque aqui você não é porra nenhuma. Você não trabalhar na sua área, vai ser peão numa fábrica ou atender telefone. Ou abre uma empresa pra pagar impostos ao governo (ê Brasilzão!!).


Premier Monde: Aqui você não pense que será mil maravilhas quando chegar, tem que mostrar serviço e fazer o seu nome, afinal como ele falou: "aqui você não é porra nenhuma", venha com o pé no chão, fincado na terra. Vai ter que fazer seu nome até ter seu lugar ao sol. Não será fácil, mas não impossível, talvez sim terá que trabalhar mais que os outros, mostrar seviço, dominar o idioma até mesmo as vezes mais do que quem mora aqui. Aqui não é Brasil que baba ovo de gringo. Aqui você tá começando do zero, até fazer o seu nome e sim, pode ser que sofra preconceito. Aqui não é o paraíso, mas depende de cada um, a tolerância e o tempo que pode esperar, mas também não é tão ruim, venha com os pés no chão.

Provavelmente vocês tão se perguntando o que é que eu tô fazendo aqui, né? Tô aqui porque Nara quer. Porque vou tentar conseguir uma bolsa na Universidade pra virar estudante, e pra tentar recuperar o dinheiro que investi nessa porcaria de processo e nessa mudança.
Talvez eu até mude de opinião um dia, quem sabe, mas é preciso que o Québec mude muito.
Esse povo daqui é incompetente, burro e retrógrado. Isso aqui não vai durar muito mais tempo desse jeito, ainda bem. Espero o momento em que esse lixo vai virar ou a provincia vai se extinguir, dando lugar a uma extensão de Torono ou Calgary.


Premier Monde: Acredito que a província do Québec seja a melhor província para estudar, pois aqui você tem uma das melhores universidades McGill (inglês) e Université de Montreal (frânces) a custos muito mais baixos se comparados com Toronto e Vancouver.

Aconselho todos que quiserem vir pra Canadá fugindo da dita violência, que procurem Toronto, Vancouver ou Calgary. Infelizmente não falo inglês, mas pra aprender uma língua e mudar, optem pelo inglês.


Premier Monde: Bom, agora uma coisa é certa o inglês é um idioma universal e você tem que saber falar. Mas, morando no Québec também tem que dominar o frânces, apesar de você poder viver somente com o inglês em Montreal, mas vai se limitar muito aqui nas oportunidades, saber os dois idiomas no Canadá sempre será um diferencial. Mesmo porque seus filhos só poderão frequentar escolas públicas frâncesas. Acho que é só crescimento. Agora, nada te impede de ir morar em outro lugar senão se adaptar com o estilo de vida daqui ou forma de pensar do povo quebequense.

Abraços."
Rodrigo


Agora, não existe paraíso no nosso mundo e cada um tem seu caminho, sua trajetória. Venham apenas com os pés no chão, venham acreditando que irão lidar com seres humanos e que podem até mesmo passar por situações ruims como discriminação e sentirem-se injustiçados; mas tudo isso é um processo até você se estabilisar aqui; ter seus novos amigos e ir acertando o caminho. Muita coisa que você estava acostumado no Brasil aqui você vai perder sim, muita mordomia não será fácil, mas não será impossível, venha apenas preparado para o mundo real, faça seu plano A, B, C, D até Z se necessário, imagine sempre o melhor e o pior cenário.

Outra coisa, aqui e em nenhum lugar do mundo ninguém vai te dar nada de graça e nem pronto em suas mãos. Aqui você tem a ferramentas que precisa para chegar onde quer, só depende de você e sua disposição e preparo. Morar em outro país não é para todo mundo, por diversos motivos, mas isso somente cada um sabe o que é melhor para si.

Boa sorte a todos;
Premier Monde.

Links relacionados a discriminação de médicos imigrantes:

Immigrant doctors 'get self-esteem back'
Le Québec discrimine les médecins étrangers

Tuesday, November 16, 2010

Morreu após 6 horas de espera na emergência


Uma senhora de 78 anos, Therese de Repentigny, após 6 horas aguardando atendimento em uma emergência no Hospital St-Luc venho a falecer sem atendimento médico.

A senhora, de uma família da cidade de Point St-Charles estava reclamando de dores e pela meia-noite, uma funcionária do hospital iria fazer um exame de sangue e ultrasom, mas disse que precisaria ir ao banheiro antes. Nisso a senhora começou a passar mal dizendo a filha que não estava se sentindo bem, foi quando ela caiu e a filha começou a gritar pedido ajuda.

Para mostrar a insensibilidade dos funcionários do hospital, deixaram a vítima sozinha em um quarto e nem chegaram a informar que a senhora havia morrido à filha, somente perguntaram se a filha sabia o ultimo pedido da mãe, foi então que ela pensou que a mãe teria morrido mas não acreditou, indo ao quarto para ver a mãe, deu um beijo nela e sentiu que ela estava fria, foi ai que caiu a ficha.

Ninguém do hospital quis se pronunciar sobre o ocorrido e um funcionário disse que a senhora foi atendida na medida do possível e a super lotação dificulta na qualidade de atendimento.

A única coisa que tenho a dizer sobre isso é que pode acontecer com qualquer pessoa que precise de verdade de um hospital aqui no Québec, não sei se em outras províncias a saúde está tão ruim assim. Que primeiro mundo é esse? A saúde aqui na província não está nada bem, saímos do Brasil com medo da violência e aqui não sabemos o que nos espera quando precisamos de uma emergência hospitalar.
Que esta senhora descance em paz e que Deus tenha acolhido ela e trânquilize a amenize o sentimendo de perda desta família e que providências sejam tomadas. Quantas pessoas mais devem morrer aqui no Quebec para que algo seja mudado?

Friday, November 5, 2010

Ajudas sociais sim, mas no Québec.


Após as eleições, vimos uma série de ataques ao bolsa família e infelizmente várias palavras de preconceito contra o povo nordestino e a forma assistencialista do governo PT. Eu mesmo já critiquei muito o bolsa família, dizendo as mesma palavras que muitos de você já utilizaram, mas mesmo depois de amigos próximos que moram aqui me dizerem que aqui também há muitos programas sociais, que se fosse no Brasil diriamos assistencialistas, eu não enchergaria de outra forma o que acontece no Brasil.

Precisei estar no Canadá por dois anos e seis meses e enchergar e me perguntar: O que seria do Québec, que pelo que todos falam é a província que tem mais ajuda social de todas do Canadá se não fosse: as bolsas e empréstimos para financiar os estudos de muita gente; a possibilidade da mãe ficar até 1 ano com o filho recém-nascido, recebendo parte do salário e do pai ficar até 5 semanas em casa com a mãe e filho; dos cheques para pessoas com baixa-renda; dos incentivos no imposto de renda, onde se você declara que comprou um laptop para fins de estudo você recebe parte do valor de volta em sua restituição; do valor que cada pessoa recebe por cada filho até ele completar uma certa idade (isso no Brasil então falaríamos que é um absurdo); aqui há um programa exclusivo até para menores de idade grávida entre outros aqui. Meus amigos que moram aqui, por favor me ajudem com programas que conhecem.

Conheço também pessoas que moram nos EUA e dizem conhecer o Canadá como um país que tem muita ajuda social, não é atoa que a taxa de empregabilidade de trabalhadores sociais aqui é de até 90%, no Québec nos cursos técnico e universitários.

Isso quer dizer que o um dos problemas do Brasil não está nos programas de ajuda social e sim em outro lugar.

Bom, fica aqui o texto para uma reflexão.
* Nota: Não sou ligado a nenhum partido político e não quero defender ou atacar nenhum governo, só quero mostrar aqui que há muitos programas sociais aqui no Canadá, em especial na província do Québec e se outras pessoas de outras províncias conhecerem outros programas convido a postar nos comentários.
Fontes: