Saturday, November 23, 2013

Brasileiros: Estão ricos ou tem algo errado?


Recentemente, após a divulgação do preço do novo PlayStation 4®, no dia 17 de outubro de 2013 (clique aqui para ver a matéria) pela bagatela de R$ 3.999,00 e depois o iPhone 5s já considerado o mais caro do mundo vendido até R$ 3.600,00 (ver aqui). Também encontrei um blog que faz comparação entre imóveis a venda nos EUA e no Brasil em diferentes cidades dos dois países (aqui),  pelo mesmo preço convertendo o valor de real para dólar americano é mais fácil constatar que o pobre rico brasileiro paga mais caro por muita coisa e nem sempre tem a mesma qualidade nos produtos e serviços adquiridos. Isso vale, por exemplo, para os carros onde se paga muito mais e nem todos os items de segurança como: air-bag e outros items como o câmbio automático; vidros e travas elétricas não estão incluídos.

Eu só tenho uma observação a fazer, não acho muito correto converter os valores de dólar para real; pois, obviamente escrevendo, no Canadá se ganha e gasta em dólares canadenses; nos EUA se ganha e gasta em dólares americanos e no Brasil se ganha e gasta em reais e eu analiso da seguinte forma, ganhar R$ 3.000,00 no Brasil não é a mesma coisa que ganhar US$ 3 mil dólares americanos ou canadenses. O nosso poder de compra aqui na América do Norte é muito maior e podemos fazer muito mais aqui com menos, se comparado com os "irmãos tupiniquins".

Brasil USA
PlayStation 4 R$ 3.999,00 $ 399.99
iPhone 5S 32GB desbloqueado R$ 3.199,00 $ 649.00
Honda Civic R$ 66.990,00 $ 18.955,00
Gasolina o litro R$ 3,00 $ 0,90
NOTA:
  • Para o Honda Civic, esse valor não inclui taxas nem o frete, mas ainda assim se colocarmos isso sairá muito mais barato que no Brasil.
  • A gasolina nos EUA você compra por galão, esse foi o valor mais caro que já paguei lá, no estado de Nova Iorque, onde se paga $ 4 dólares por 3,78 litros.
  •  O valor dos demais produtos nos EUA, também não incluem taxas, onde muda para cada Estado, por exemplo em Delaware não se paga taxa, mas em Maryland, senão me engano paga-se 6.5% sobre o valor do produto.
  • Aqui na provincia do Quebec, paga-se 14,975% sobre produtos e serviços em geral, mas há exceções de produtos isento, como alimentos.
Imóveis
Outra coisa, retirei a foto acima do blog "SOS Solteiros" onde ele mostra uma casa no valor de R$ 250 mil reais que você pode comprar em Minneapolis nos EUA e outra que você compraria em Campinas no Brasil em um post que ele fala sobre a "bolha" no mercado de imóveis que o Brasil está passando agora.

Isso sem falar na taxa de juros sobre hipotecas. Onde aqui no Canada, na cidade de Montreal, mais especificamente você paga entre 3% a 6.3% ao ano e no Brasil  chega a 20%.

Impostos x Juros pagos
Isso sem falar que o brasileiro paga impostos para ter serviços como saúde e educação e mesmo assim tem que pagar por isso. Para ter o mínimo de dignidade e uma melhor qualidade na educação para seus filhos paga para ter seu plano de saúde e escolas particulares sem falar também nos juros exorbitantes dos cartões de crédito no Brasil que chega a casa de 238,30 % ao ano (ver aqui matéria) contra os 18,7% por ano praticado nos EUA.

Transporte público
O valor caríssimo do transporte público que é explorado por empresas privadas, no Brasil contra o valor justo cobrado aqui no Canadá onde o transporte público é administrado pelas prefeituras.
Para você ter uma idéia, aqui em Montreal, eu pago $ 87 dólares canadenses por mês e tenho acesso ilimitado a ônibus + metrô + trem (até a estação de trem que moro perto) dentro da cidade de Montreal. Se quisesse só ônibus + metrô pagaria $ 77 dólares por mês para o acesso ilimitado mensal.
Enquanto no Brasil você paga por vez que usa cada meio de transporte, saindo muito mais caro.

Educação
Estudar, no Quebec, por exemplo, se você é residente da província o ano letivo na McGill, uma das 25 melhores universidades do mundo, vai custar aproximadamente $ 4.400,00 dólares canadenses por ano, isso vai dar $ 367,00 dólares por mês se você deseja estudar Engenharia de Softwares.
Já na PUC-RJ, o curso de Informática, pode custar de R$ 363,00 (1 crédito) até R$ 2.636,00 (30 créditos) por mês, ou seja, de R$ 4.356,00 por ano para 1 crédito somente até R$ 31.632,00 para 30 créditos por ano.

Custo de mão-de-obra
Outra coisa, o custo para contratar um funcionário na província de Quebec, por exemplo é de 9% a mais que o salário pago e no Brasil esse funcionário chega a custar  120% do salário

Conclusão
Ou seja, trabalhasse muito no Brasil, jornadas de trabalho de mais de 40 horas por semana, aqui atualmente trabalho 37,5 horas por semana, raramente faço hora extra, ganho o suficiente para ter uma qualidade de vida boa; adiquirir bens de consumo a preços mais justos e ainda viajar.

Volto a escrever, não é que aqui se ganha mais que no Brasil e sim que no Canadá podemos fazer e comprar mais coisas e serviços por menos que no Brasil. Minha realidade era trabalhar muito, pagar juros altos; impostos sem retorno e preços caro em muitas coisas que aqui são muito mais acessíveis.

Acho, que no Brasil todos tem parte de responsabilidade, uns mais que os outros, mas todos estão envolvidos nesse problema de preços abusivos; baixa qualidade em muitos produtos e serviços onde governo mete a mão nos impostos sobre impostos e permite a prática de juros altos pelas operadores de cartão de crédito e bancos; o brasileiro paga alto para ostentar seu status alimentando os preços altos comprando sem questionar se vale o preço; a classe média não se manifesta para melhoria de serviços públicos que teria direito porque hospital público e escola pública é "coisa de pobre" (valores da cultura brasileira) e não um direito de todos e por aí vai.

Bom, esse post é minha simples percepção depois de alguns artigos lidos na internet e o que conheço do Brasil, Rio de Janeiro e daqui Canadá, Montreal. Fiquem livres para comentar também e acho que vale um pouco para refletir como o Brasileiro é e se permite ser explorado.

Desejo a todos boa sorte!

Saturday, November 16, 2013

"Da relação entre limpar seu próprio banheiro e abrir sem medo um Mac Book no ônibus."

Da relação entre limpar seu próprio banheiro e abrir sem medo um Mac Book no ônibus

Esse texto vale também para a realidade do Canadá. Não tiraria nem uma vírgula nem ponto. Parabéns ao Daniel Duclos, que mora na Holanda e descreveu bem o sentimento de viver em uma sociedade mais igual. 
 
E fico imgainando que no Rio de Janeiro, não podemos falar no celular no centro da cidade, que dirá andar com laptop no ônibus. Só mais um detalhe, Montréal tem aproximadamente  1.6 milhões de habitantes e até esse mês, novembro, aqui tivemos 26 homicídios.

Boa leitura! :)

 
Daniel Duclos

A sociedade holandesa tem dois pilares muito claros: liberdade de expressão e igualdade. Claro, quando a teoria entra em prática, vários problemas acontecem, e há censura, e há desigualdade, em alguma medida, mas esses ideais servem como norte na bússola social holandesa.

Um porteiro aqui na Holanda não se acha inferior a um gerente. Um instalador de cortinas tem tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada impede de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem suas Heinekens juntos. Ninguém olha pra baixo e ninguém olha por cima. A profissão não define o valor da pessoa – trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado. Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”.

Profissões especializadas pagam mais, mas não muito mais. Igualdade social significa menor distância social: todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não há muito alto. Um lixeiro não ganha muito menos do que um analista de sistemas. O salário mínimo é de 1300 euros/mês. Um bom salário de profissão especializada, é uns 3500, 4000 euros/mês. E ganhar mais do que alguém não torna o alguém teu subalterno: o porteiro não toma ordens de você só porque você é gerente de RH. Aliás, ordens são muito mal vistas. Chegar dando ordens abreviará seu comando. Todos ali estão em um time, do qual você faz parte tanto quanto os outros (mesmo que seu trabalho dentro do time seja de tomar decisões).

Esses conceitos são basicamente inversos aos conceitos da sociedade brasileira, fundada na profunda desigualdade. Entre brasileiros que aqui vêm para trabalhar e morar é comum – há exceções -  estranharem serem olhados no nível dos olhos por todos – chefe não te olha de cima, o garçom não te olha de baixo. Quando dão ordens ou ignoram socialmente quem tem profissão menos especializadas do que a sua, ficam confusos ao encontrar de volta hostilidade em vez de subserviência. Ficam ainda mais confusos quando o chefe não dá ordens – o que fazer, agora?

Os salários pagos para profissão especializada no Brasil conseguem tranquilamente contratar ao menos uma faxineira diarista, quando não uma empregada full time. Os salários pagos à mesma profissão aqui não são suficientes pra esse luxo, e é preciso limpar o banheiro sem ajuda – e mesmo que pague (bem mais do que pagaria no Brasil) a um ajudante, ele não ficará o dia todo a te seguir limpando cada poerinha sua, servindo cafézinho. Eles vêm, dão uma ajeitada e vão-se a cuidar de suas vidas fora do trabalho, tanto quanto você. De repente, a ficha do que realmente significa igualdade cai: todos se encontram no meio, e pra quem estava no Brasil na parte de cima, encontrar-se no meio quer dizer descer de um pedestal que julgavam direito inquestionável (seja porque “estudaram mais” ou “meu pai trabalhou duro e saiu do nada” ou qualquer outra justificativa pra desigualdade).

Porém, a igualdade social holandesa tem um outro efeito que é muito atraente pra quem vem da sociedade profundamente desigual do Brasil: a relativa segurança. É inquestionável que a sociedade holandesa é menos violenta do que a brasileira. Claro que aqui há violência – pessoas são assassinadas, há roubos. Estou fazendo uma comparação, e menos violenta não quer dizer “não violenta”.

O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.

Eu, pessoalmente, acho excelente os dois efeitos. Primeiro porque acredito firmemente que a profissão de alguém não têm qualquer relação com o valor pessoal. O fato de ter “estudado mais”, ter doutorado, ou gerenciar uma equipe não te torna pessoalmente melhor que ninguém, sinto muito. Não enxergo a superioridade moral de um trabalho honesto sobre outro, não importa qual seja. Por trabalho honesto não quero dizer “dentro da lei” -  não considero honesto matar, roubar, espalhar veneno, explorar ingenuidade alheia, espalhar ódio e mentira, não me importa se seja legalizado ou não. O quanto você estudou pode te dar direito a um salário maior – mas não te torna superior a quem não tenha estudado (por opção, ou por falta dela). Quem seu pai é ou foi não quer dizer nada sobre quem você é. E nada, meu amigo, nada te dá o direito de ser cuzão. Um doutor que é arrogante e desonesto tem menos valor do que qualquer garçom que trata direito as pessoas e não trapaceia ninguém. Profissão não tem relação com valor pessoal.

Não gosto mais do que qualquer um de limpar banheiro. Ninguém gosta – nem as faxineiras no Brasil, obviamente. Também não gosto de ir ao médico fazer exames. Mas é parte da vida, e um preço que pago pela saúde. Limpar o banheiro é um preço a pagar pela saúde social. E um preço que acho bastante barato, na verdade.

PS. Ultimamente vem surgindo na sociedade holandesa um certo tipo particular de desigualdade, e esse crescimento de desigualdade tem sido acompanhado, previsivelmente, de um aumento respectivo e equivalente de violência social. A questão dos imigrantes islâmicos e seus descendentes é complexa, e ainda estou estudando sobre o assunto.

Autor: Daniel Duclos

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Sunday, November 3, 2013

Brasil x Canadá - As modelos da TAM x As senhoras da American Airlines


Sei que esse lance de comparar Brasil x Canadá as vezes é chato, mas ao mesmo tempo vale para pensarmos um pouco em nosso valores. No Brasil, quando o jornalista Heraldo Pereira começou a apresentar o Jornal Nacional (JN), a Rede Globo divulguo como se fosse um ato histório: "O primeiro negro a apresentar o JN". Na boa, isso para mim é motivo de vergonha, não de orgulho. Onde o que deveria ser normal vira notícia. Aqui na América do Norte, você pega as companhias aéreas e basta ver a tripulação; a média de idade é de 50 anos e claramente são pessoas 'normais', no Brasil só tem modelos. Aqui no Canadá, a mesma coisa, pessoas idosas; fora do padrão de beleza brasileira e negros trabalham na TV, nos jornais e as pessoas mais velhas aqui encontram trabalho. No Brasil, lembra-se do ter "boa aparência" nos classificados de empregos. Bom, tudo isso para dizer que nosso país, mesmo com toda miscigenação ainda tem muitos preconceitos: idade; raça; nível social e etc. Coisa que aqui eu quase não percebo e se existe é muito pouco. Meus amigos que moram aqui, podem me corrigir. Vale para pensar, mas infelizmente só quem mora em outro país pode perceber bem a diferença.